Sabiá-do-campo
- Reino: Animalia
- Filo: Chordata
- Classe: Aves
- Ordem: Passeriformes
- Subordem: Passeri
- Parvordem: Passerida
- Família: Mimidae
- Espécie: Mimus saturninus
- Nome em Inglês: Chalk-browed Mockingbird
Também conhecida como
tejo-do-campo, calhandra, arrebita-rabo, galo-do-campo, papa-sebo ou
sabiá-poca, sendo o último nome evitado pelos ornitólogos para não causar
confusão com outro sabiá de mesmo nome (Turdus
amaurochalinus). O sabiá-do-campo (Mimus saturninus) é uma ave famosa por seu
vasto repertório de cantos, que incluem imitações de outras espécies.
Características Gerais
Esta
espécie possui em média 26 cm e pesa cerca de 73 gramas. Possui uma coloração
cinzenta no dorso, alto da cabeça, asas e cauda. O peito e o ventre são
branco-amarelados ou arroxeado pela terra. A listra superciliar branca,
destacada pela faixa negra na altura dos olhos é uma característica importante
para identificação. Os olhos dos adultos são amarelados, marrom escuros nas aves
juvenis, as quais também possuem o peito rajado de cinza escuro. Possui a cauda
comprida com as pontas de cor branca.
A
vocalização desta espécie é notável pela maestria com que imitam os cantos e
chamados de outras aves, mas sem grande perfeição. Voz: agudo e penetrante
“tschrip”, “tschik” (chamada característica da espécie); scha-scha-scha”,
“krrrra” bufando (advertência, zanga).
Existem duas outras espécies do gênero que ocorrem no Brasil do mesmo
gênerro, o sabiá-da-praia (Mimus gilvus), que como o próprio nome diz
está restrito ao litoral e pode ser diferenciado por apresentar as partes
superiores com coloração cinza e as partes inferiores bem claras, quase
brancas. A outra espécie é a calhandra-de-três-rabos (Mimus
triurus), que é bem mais clara que o sabiá-do-campo, possui as sobrancelhas
brancas, assim como uma faixa na asa, que é bem visível quando a ave está em
vôo, especialmente porque a ponta da asa é negra. Espécie que não apresenta dimorfismo sexual.
Alimentação
São onívoros, alimenta-se principalmente de invertebrados e frutos
(OLIVEIRA, Argel de, 1989, Sick, 1997, citado por RODRIGUES, Sheila Silva,
2009). Dentre os invertebrados, os insetos (formigas, cupins, besouros)
constituem a maior parte das presas. Os frutos podem ser silvestres (neste caso
de pequeno tamanho, engolidos inteiros) ou cultivados, como laranja e abacate.
Aprecia muito os frutos do Tapiá ou Tanheiro (Alchornea glandulosa). As
sementes não são digeridas, e atravessam intactas o tubo digestivo. A ave atua,
assim, como dispersora das sementes dos frutos que ingere. A maior parte do
alimento é obtida enquanto a ave caminha pelo solo. Outros métodos de
alimentação com presas animais são menos freqüentes, como a captura de insetos
em vôo a partir de poleiros elevados, ou com saltos a partir do solo. Frutos
são coletados pela ave empoleirada; frutos de grande tamanho, cultivados, podem
ter parte de sua polpa consumida após caírem ao solo. Ocasionalmente predam
ninhos com ovos de outros pássaros. Aproveita-se de gordura e carne em mantas
de charque ao sol (daí o nome papa-sebo).
Reprodução
O ninho é construído grosseiramente com gravetos
secos, grama e algodão, em forma de tigela rasa sobre árvores ou arbustos e em
certos locais sobre os grandes ninhos abandonados de outros pássaros. O centro
do ninho é forrado com material macio. Os ovos são verde-azulados com manchas
cor de ferrugem. A fêmea põe de 3 a 4 ovos e, às vezes, choca ovos de outros
pássaros. O casal é auxiliado por um terceiro ou quarto indivíduo do bando, que
talvez sejam crias de anos anteriores que ajudam na alimentação e proteção.
Repelem os outros pássaros das proximidades do ninho. Os ovos eclodem após 12
ou 14 dias e os filhotes abandonam o ninho com 11 a 14 dias de vida. O interior
da boca dos filhotes é amarelo-laranja.
Hábitos
Apresenta uma série de comportamentos, muitos deles
pouco entendidos, talvez pela dificuldade de se aplicar um método muito comum
de pesquisa, que é o de anilhamento. Algumas pessoas que tentaram anilhar esta
ave para estudar seu comportamento desistiram deste recurso, pois a ave parece
ser tão sensível ao estresse da captura que alguns indivíduos morreram após o
anilhamento.
Anda pelos campos e cerrados ou parques e terrenos
baldios de cidades geralmente em bandos, que podem ter até 13 integrantes. Na
porção sul de sua distribuição não forma bandos, e costuma viver em casais.
Possui o hábito de erguer as asas semi-abertas de tempos em tempos enquanto
anda pelo chão, numa exibição denominada “lampejo de asas”, cuja finalidade não
é entendida e que é observada também em outras espécies do gênero. O lampejo
pode ser executado também quando a ave se depara com uma ameaça em potencial
(humanos próximos demais, serpentes).
Apesar de viver em grupos familiares, são muito
agressivos entre si e usam os longos bicos e as garras fortes em brigas sem
trégua (origem do nome galo-do-campo).
Apresenta a característica de ave Sinantrópica, ou
seja, pode se adaptar as grandes cidades, desde que estejam disponíveis água e
áreas verdes onde eles possam pousar, caçar e fazer ninhos.
É um dos melhores imitadores de outras aves na
natureza. Alguns indivíduos repetem o canto de até 6 espécies diferentes. Além
dessas imitações, usadas na época reprodutiva (julho a dezembro), possui um
canto próprio, onde lança mão dos chamados mais graves e agudos
característicos, iniciando ou terminando a imitação. Em sua grande obra
Ornitologia Brasileira, Helmut Sick cita que as populações de sabiás-do-campo
mais ao sul apresentam repertório de vocalização mais rico e melodioso do que
as populações mais setentrionais.
Distribuição Geográfica
Sua distribuição vai desde regiões campestres do baixo Amazonas, através
do Brasil Central, Nordeste, Leste e Sul até a Bolívia, Paraguai até Uruguai e
Argentina (SICK, 1997, citado por RODRIGUES, Sheila Silva, 2009).
Curiosidades
Não existe dimorfismo sexual e a
espécie possui cauda longa e tarso forte e comprido, sendo esta última característica
ressaltada em ninhegos (OLIVEIRA, Argel de, 1989, Sick, 1997, citado por
RODRIGUES, Sheila Silva, 2009). Também são residentes, territorialistas e
demonstram agressividade em contato com outros indivíduos (OLIVEIRA, Argel de,
1989, citado por RODRIGUES, Sheila Silva, 2009).
Localização
Fazenda Vila
Antonina, km 20 estrada de Diamantina que vai para Vila São Joaquim, Município de Presidente Juscelino-BR259. Coordenadas:
Latitude: 18°48'16.84" Sul , Longitude: 44°
8'58.59" Oeste
Vídeo
Referências Bibliográficas
RODRIGUES, Sheila Silva. Biologia e sucesso
reprodutivo de Mimus Saturninus (Aves: Mimidae) no Cerrado. Brasília/DF, 2009. Disponível em:<
http://repositorio.bce.unb.br/bitstream/10482/4585/1/2009_SheilaSilvaRodrigues.pdf>.
Acesso em: 20 de jun. 2012.
Cirino
Design:
Acesso em: 30 de mai. 2012.
Wiki
Aves:
Acesso em: 30 de mai. 2012.
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